quarta-feira, 31 de março de 2010

Homenagem


Quero ignorado, e calmo
por ignorado, e proprio
por calmo, encher meus dias
De não querer mais deles.
Aos que a riqueza toca
o ouro irrita a pele.
Aos que a fama bafeja
Embacia-se a vida.
Aos que a felicidade
É sol, virá a noite.
Mas ao que nada espera
Tudo que vem é grato.

Fernando Pessoa

(homenagem ao meu primeiro mestre, que despertou a vontade do teatro)

Objeto de estudo

Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face?

Cecília Meireles

Nesse momento, em que apenas leio e tento assimilar os ensinamentos possíveis, faço desses versos objeto de meu estudo.
Tão densa e pequena... Essa poesia dificulta e facilita tudo.

Coisas de Cecília!

terça-feira, 30 de março de 2010

Construir a ação física...

Para não esquecer como se compoe uma ação física:

-elementos do estado interior: o se, as circunstancias dadas, a imaginação, a concentração da atenção, a memoria emotiva, os objetivos e unidades, a adaptação, a comunhão, a fé e sentimento de verdade.

-ritmo.

-impulso.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Mestre Stanislávski

Continuo minha leitura do livro.
Não tenho, nesse momento, palavras para descrever a euforia que o segundo capítulo me proporcionou. O texto aborda a exteriorização das emoções de forma intencional, pensada, idéia que aqui, avulsa, perde um pouco do brilho.
A essa altura, este Mestre não é mais uma referência abstrata para mim. A própria leitura trabalha em nós a idéia da relação entre memória e emoção no sentido de que nos provoca. Stanisláviski nos brinda com essa descoberta: transforma força emotiva em ação física.

E suas perguntas se perpetuam... cada vez que renasce o desejo de atuar.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Delsarte, de perto

Me deparei com a figura de François Delsarte.
Um distinto senhor que saiu por aí no século XIX, em inúmeras viagens, observando a linguagem do corpo, seus movimentos.
Descobriu um codigo corporal.

E eu, uma nova maneira de olhar. No contexto teatral, o corpo é material que se divide em voz, gestos e palavras.
Talvez Delsarte descortine para mim o elo entre teoria e prática, entre entendimento de trabalho de composição e capacidade para realizá-lo.

Talvez.

terça-feira, 23 de março de 2010

Todo começo...


Começo aqui meus primeiros passos na direção do entendimento da teatralização.
Esse caminho, em parte solitário, quero partilhar.
Esse caminho que desafia os sentidos, a intelectualidade e os limites de cada ator, de uma forma particular, e também solitária.
Quando se está pronto? ator-acabado, afinal?